domingo, 10 de maio de 2009

ARNUWANDA I (1400-1385 a.C.)

Arnuwanda I foi genro, corregente e sucessor do Rei Tudhaliya II. Ao lado, selo de real de Arnuwanda I. Portava os títulos de "filho" de Tudhaliya, Labarna, Grande Rei e Meu Sol. Sua esposa foi Ashmu-Nikal, filha de Tudhaliya e de Nikal-Mati, a qual tinha nome de origem hurrita como o da mãe. Seus filhos foram Tudhaliya (III) e Ashmi-Sharruma, este também um nome hurrita. Possivelmente seu reinado foi o período mais forte da influência hurrita em Hati. Os príncipes hititas, inclusive, assumiriam deveres religiosos anteriormente mantidos por seus vassalos hurritas, os reis de Kizzuwatna.
Arnuwanda teve que lutar contra os Kaskas. Essas tribos do norte da Anatólia, por muito tempo, submeteram muitos territórios hititas à pilhagem: Nerik, Hurshama, Kashtama, Sherisha, Himuwa, Taggashta, Kammama, Zalpuwa, Kapiruha, Hurna, Dankushna, Tapashawa, Tarukka, Ilaluha, Zihhana, Shipidduwa, Washaya e Patalliya. Esta lista inclui alguns importantes centros hititas. Arnuwanda não se conformou com a perda desses territórios, mas a sua única esperança para recuperar-lhes ele pôs na propiciação dos deuses. Mas para propiciar os deuses, ele tinha que fazer-lhes oferendas; porém, como poderia fazer isto quando ele não tinha nenhum acesso aos seus templos que estavam nas mãos dos Kaskas? A sua resolução a este dilema tomou a forma de uma longa oração aos deuses aos quais ele e a sua rainha Ashmu-Nikal (selo real ao lado) tentam conquistar os deuses à causa hitita proclamando que só os hititas eram capazes de adorar apropriadamente aos deuses e depreciando os Kaskas como inimigos sacrílegos. Tal foi a situação que far-se-ão devotadamente oferendas aos deuses procurando ajuda para recuperar as terras perdidas. Das mais devastadoras foi perda de Nerik, importante centro de culto do deus da tempestade. Uma fonte documental (Oração do Grande Rei Arnuwanda [I] e da Grande Rainha Ashmu-Nikal acerca da cidade de Nerik) afirma: "Destruíram os ídolos dos deuses; eles saqueiam ouro, prata, objetos de culto, coroas de ouro e prata, pedras preciosas, objetos de bronze e adornos; e são divididos entre eles; também repartem os sacerdotes santos, sacerdotes, as sacerdotisas da Mãe de Deus, os sacerdotes de Gudu, os músicos, cantores, cozinheiros, pasteleiros, cozinheiros, jardineiros e agricultores e tornou-os seus servos; foram partilhados os bois e as ovelhas, e entre eles repartiram campos de trigo e os vinhos utilizados para libações; os kaskas vão tomar tudo para eles." Em seguida, a fonte acrescenta que "tal como os kaskas tinham conquistado a terra de Nerik para eles, nós continuamos a enviar os rituais para o deus das tempestades de Nerik e ao deus de Nerik, de Hatusa na cidade de Hakpis, ou seja, o pão, as libações, os bois e ovelhas maiores."
O Rei fez tratados com alguns grupos kaskas, que são denominados na Oração, e enviava mercadorias para os rituais nos templos ocupados e tenta assegurar que essas mercadorias de fato seriam usadas para objetivos rituais, e não simplesmente tomadas pelos Kaskas. Mas o rei foi obviamente incapaz para assegurar que estas mercadorias seguiriam o seu destino pretendido. O Grande Rei de Hati não pode fazer nada mais do que extrair promessas dos seus vizinhos hostis. Nerik permanecerá nas mãos dos Kaskas até o reinado de Mursili III (1274-1249).
Ao que parece durante seu reinado continuou a hegemonia hitita sobre Halap (Alepo) e Kizzuwatna. No documento Protocolo de Ishmirika os homens de Ishmirika prestam um juramento a Arnuwanda I e a sua família. Esses homens então são colocados como responsáveis sobre várias cidades em Kizzuwatna. O mais alto dignitário em Kizzuwatna neste tempo é o BE_L MADGALTI, expressão que indica um governador provincial, não um rei. O Protocolo de Ishmirika também indica que Wassukanni, a habitual capital de Mitani, era localizada em Kizzuwatna; ao que parece o texto indica a extensão da dominação hitita durante pelo menos parte deste reino hurrita. A cidade de Ura, uma cidade-porto localizada na costa central do sul, esteve sob controle hitita. Do mesmo modo a cidade de Oğuz.
Abaixo, o Reino Hitita sob Arnuwanda I.


Attarisiya, "o homem dos Ahhiya[Aqueus]”, rei de Ahhiyawa, atacou Madduwatta, o rei de Zippasla; um exército hitita interveio em favor de Madduwatta e expulsou os aqueus. Depois Attarisiya desembarcou em Alashiya (Chipre), que provavelmente pertencia aos hititas, e a conquistou. Madduwatta marcha para Alashiya e a retoma para o seu reino. Arnuwanda exige que Madduwatta devolva a ilha para os hititas, mas o resultado final desse conflito não é conhecido. Madduwatta, um vassalo hitita, invadiu Arzawa sem a permissão de Arnuwanda. Madduwatta foi derrotado por Kupanta-Kuruntiya, o rei de Arzawa, e fugiu ao Reino Hitita. Arnuwanda restaurou Madduwatta às suas terras. Depois, Attarisiya procurou matar Madduwatta, e Madduwatta foge diante do exército inimigo. Novamente, um exército hitita salvou-o por repelir o exército dos Ahhiya. Madduwatta, contudo, decidiu que o seu destino se encontra em outro lugar. Ele rompe a aliança com os hititas e se avença com Arzawa: Madduwatta enganou um exército hitita em uma emboscada e casou-se com a filha de Kupanta-Kuruntiya, rei de Arzawa. Posteriormente, Madduwatta seria rei de Arzawa.
Arnuwanda pode não ter sido um grande líder militar, mas isso é um tanto compensado pelo fato de que ele parece ter sido um grande administrador. Ele é responsável pela escrita de muitos dos assim chamados Textos de Instrução hititas que foram preservados. Este gênero de documento administrativo chega ao ponto máximo no reino de Arnuwanda. Arnuwanda dirige diversas "instruções" aos seus súditos. Uma das principais são as "instruções para os Senhores das Torres (os governadores dos distritos rurais). Cada província rural tinha centro uma cidade murada e tal documento indicava como deveriam defender a região fossem atacados e como teriam de agir logo que os exércitos hititas atacassem os inimigos. As instruções detalhavam, dentre outras coisas, os "deveres e responsabilidades do governador. Abaixo, escribas hititas.


Um texto muito fragmentário registra Arnuwanda denominando seu filho Tudhaliya como o tuhukant-príncipe, isto é, o príncipe-herdeiro. A designação é feita numa cerimônia onde ocorre a unção do herdeiro. Infelizmente, o texto não indica quando este evento ocorreu dentro do reino de Arnuwanda.
É útil observar que a tradição de denominar um sucessor e registrar o evento para a posteridade continuou sendo um costume hitita a partir deste tempo.
Sendo assim, o sucessor de Arnuwanda I foi Tudhaliya III.

REFERÊNCIAS

http://ca.wikipedia.org/wiki/Arnuwandas_I
http://www.hittites.info/history.aspx?text=history%2fMiddle+Empire.htm#Arnuwanda1

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