segunda-feira, 21 de setembro de 2009

HATTUSILI III (1274 – 1249 a.C.) – Parte 2


Ao lado, relevo que retrata Hattusili III oferecendo uma libação ao deus da tempestade. Hattusili suportou por sete anos a animosidade de seu sobrinho por respeito ao seu irmão (Muwatalli), mas quando Mursili III tentou incorporar as cidades de Hakpis e Nerik ao reino hitita e tirando-lhes do domínio de Hattusili, o que de fato equivalia a eliminar o seu reino, Hattusili reagiu e se sublevou. Consagrando-se aos seus deuses (Saushka e ao deus das tempestades de Nerik) começou a guerra civil.
Sippa-Ziti, filho de Arma-Tarhunta (filho de Zida, o irmão de Shuppiluliuma I) o antigo rival de Hattusili, foi nomeado comandante do exército do Grande Rei na Terra Alta Hitita. A guerra civil também dividiu os vassalos hititas: Masturi, rei de Seha, foi aliado de Hattusili, que também teve a ajuda de Ulmi-Teshup (Kurunta), meio-irmão de Mursili III e que tinha sido criado por Hattusili. Mira, Kuwaliya e Ahhiyawa seriam aliados de Mursili III. Boa parte dos kaskas apoiaram a Hattusili. Mursili III enviou um homem chamado Rime-Teshup para o oeste encontrar o máximo de ajuda, mas em geral a parte ocidental forneceu pouca ajuda a Mursili; Millawanda provavelmente quedou-se inativa e Ahhiyawa, ao não receber a ajuda de suas cidades, não pôde dar nenhuma ajuda ao rei hitita. Sippa-Ziti provavelmente ficou assediado em Hallawa, e teve que pedir a Mursili que fosse a resgatá-lo. O Rei enviou um homem chamado Anani-Piya. Ocorreram combates em Kusuriya e uma batalha de carros na qual participou o governador da região do Rio Vermelho que provavelmente mudou de lado.
Os fatos não se conhecem com mais clareza, porém do relato de Hattusili vê-se que Mursili foi abandonado por alguns de seus aliados e esteve em posição defensiva. Na parte final da guerra, Mursili estava em Marasantiya e teve que fugir de lá e foi para Samuha, onde Hattusili o perseguiu. Uns traidores ofereceram matar Mursili, mas Hattusili rejeitou a oferta e avançou para Samuha, mas com certeza Mursili já havia sido feito prisioneiro pelos seus próprios homens quanto Hattusili chegou e foi entregue ao tio, que então foi reconhecido como o Grande Rei dos hititas. Acima, imagem de um príncipe hitita. Hattusili III ao iniciar o seu reinado reconstruiu o palácio de Hatusa (imagem abaixo) que foi danificado durante a guerra.
Wilusa fora aliada de Ahhiyawa e de Mursili III; agora de fato estava independente dos hititas. Em Lukka a situação é pouco conhecida, mas aparentemente houve desordens sob a direção de um homem chamado Tawagalawa, irmão do rei de Ahhiyawa. Tawagalawa foi identificado com Eteócles, personagem da Ilíada de Homero. Tawagalawa começou em atacar território hitita no que Hattusili III perdeu o controle do sudoeste e o povo sublevado de Lukka chegou ao Rio Hulaya, distrito fronteiriço com capital em Hawaliya e os distritos vizinhos de Natas, Parha (futura Perge na Panfília), Harhasuwanta e outros, de modo que toda a costa até Kizzuwatna ficou fora do controle do rei hitita. Os distritos fronteiriços de Wasuwatta e Harputtawana caíram nas mãos de rebeldes ajudados por Lukka. Piyama-Radu de Lazba (Lesbos) invadiu o território hitita em Millawanda e conquistou a terra do rio Hulaya chegando até a Terra Baixa Hitita em Nahita. Hattusili marchou contra os coligados e expulsou-os da Terra Baixa e da região do rio Hulaya mas sem chegar à costa ocidental nem provavelmente a Panfília. Então, nomeou o seu sobrinho Ulmi-Teshup (Kurunta), filho de Muwatalli II, rei de um Grande Reino do sudoeste, com capital em Tarhuntassa, que governou sob o nome de Kurunta.
O reino limitava-se ao norte e a oeste com Pitassa, Ussa e terras hititas, e para o sul e sudoeste eram terras a dominar "em direção a cidade de Saranduwa na terra do rio Hulaya". Nos anos seguintes Kurunta dominou até à costa no sul e no oeste até o rio Kastaraya (Kestros) ea cidade de Parha (Perge) na planície Panfília.
Com a Assíria ocorreram algumas dificuldades diplomáticas pela demora nos tributos, e até mesmo o mensageiro assírio foi detido, mas finalmente restabeleceram-se as relações. Hattusili queixou-se de ataques em Carquemis (em Emar na terra de Ashtata) feitos por pessoas de Turira, que o Grande Rei considerava sob domínio assírio (coisa que o rei da Assíria não havia assegurado). Mursili III planejou fugir a Babilônia, mas Hattusili percebeu e desterrou-o provavelmente para Alashiya (Chipre), de onde fugiu ao Egito. As relações entre Hattusili e Kadasma-Turgu da Babilônia seriam boas. Com Egito seriam inicialmente boas, mas dificultaram-se quanto Ramsés II se negou a extraditar a Mursili III. Kadasma-Turgu prometeu-lhe cooperação ativa em uma eventual guerra contra o Egito. Mas, por fim, a guerra nunca eclodiu.
Ao final do reinado de Hattusili III, Wilusa vai voltar de novo como reino vassalo do Rei hitita. Kurunta de Tarhuntassa encontrou com o rei de Ahhiwaya em Millawanda e acordou a retirada dos Aqueus de Lukka, que voltou ao controle hitita e os chefes locais apressaram-se em proclamar a sua lealdade ao rei de Tarhuntassa e ao Grande Rei hitita. Entre os que se submeteram estava Piyama-Radu, que estava na cidade de Sallapa quando escreveu, submisso, a Hattusili, que tinha ido a Lukka reforçar a sua autoridade sobre a região. Hattusili enviou o seu herdeiro a Millawanda onde se encontrou com Piyama-Radu e ambos subiram a um carro com Piyama-Radu em sinal de submissão. Mas Piyama-Radu não se fiava aos hititas e se recusou a comparecer na presença de Hattusili em Hatusa se antes não fosse reconhecido rei, o que supôs uma humilhação para o príncipe herdeiro; Piyama-Radu manteve sua lealdade, mas à distância. Hattusili foi a oeste, e quando chegou a Wiyanawanda, escreveu-lhe que lhe enviasse um delegado para a cidade de Yalanda (sob controle de Piyama) para fazer o acordo, mas Piyama-Radu enviou seu irmão Lahurzi, que fez uma emboscada aos hititas em três lugares próximos a Yalanda, mas os hititas conseguiram chegar à cidade; Lahurzi retirou-se e a cidade foi destruída. De lá Hattusili foi a Apawiya e escreveu a Piyama-Radu em Millawanda incubindo-o comparecer a sua presença. Também escreveu ao Rei de Ahhiyawa protestando pelas atividades de Piyama em Millawanda, súdito de Ahhiwaya. O rei de Ahhiwaya deu permissão ao rei hitita para fazer comparecer a Piyama junto ao Rei Atpa de Millawanda e Hattusili dirigiu a Millawanda. A esta cidade entrou como Grande Rei e lá compareceu Tawagalawa para oferecer a sua lealdade ao rei.
Enquanto o Rei Atpa ouvia as queixas de Hattusili contra Piyama-Radu, este pegou um barco e fugiu. Hattusili se dirigiu então ao rei de Ahhiwaya e fez uma relação das ofensas de Piyama. Atpa e o rei de Ahhiyawa que provavelmente seguiam apoiando Piyama, vão tentar desculpá-lo; Hattusili exigiu o retorno de sete mil prisioneiros (civis) feitos por Piyama em terras de Hati, tentando um acordo que evitasse a guerra, acordo que finalmente se estabeleceu. Acima tablete hitita com o tratado de Tawagalawa. Mas Piyama já tinha ido ao norte e atuava na costa de Wilusa, onde havia estabelecimentos de Ahhiyawa, tentando criar um reino ali em Masha e Karkissa. Hattusili, por meio do rei da Ahhiwaya ofereceu novamente a Piyama-Radu o submeter-se em troca do perdão. Não se sabe como foram os acontecimentos, mas finalmente Ahhiwaya capturou a Piyama-Radu e entregou aos hititas.


REFERÊNCIAS:
http://www.hittites.info/history.aspx?text=history/Late+Late+Empire.htm#Hattusili3
http://gl.wikipedia.org/wiki/Hattusilis_III
http://sites.google.com/site/homeros160/troy

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