quinta-feira, 22 de abril de 2010

OS HITITAS: RESUMO HISTÓRICO

Os hititas (imagem ao lado) eram um povo indo-europeu que se instalou e viveu na Anatólia central (atual Turquia) entre os séculos XVIII e XII a.C. Não se sabe como denominavam a si mesmos, mas chamavam seu país de “Terra de Hati”, expressão que tinha o sentido de “Terra da cidade de Hatusa” e são hoje comumente chamados de hititas a partir dos informes bíblicos, egípcios e assírios. São chamados de khetas na Odisséia de Homero ( séc. VIII a.C.). A Bíblia se refere aos hititas em diversas passagens nas quais os chama de heteus. Em Gêneses 10.15 (a famosa tabela das nações) é mencionado o primeiro antepassado dos hititas, Hete, filho de Canaã. Os hititas são contados desse modo entre os Cananeus. São descritos geralmente como pessoas que viveram entre os Israelitas, possuíam seus próprios reis e eram militarmente poderosos. Quanto ao seu nome e linguagem a Wikipédia informa: Hitita é um nome moderno, escolhido depois da (ainda discutida) identificação da monarquia de Hatusa com os hititas mencionados no Antigo Testamento. Em textos multilíngües encontrados em sítios hititas, as passagens escritas na língua hitita são precedidas pelo advérbio nesili (ou nasili, nisili), "na [fala] de Nesa (Kanes)", uma importante cidade da Anatólia oriental antes da ascensão do Império. Em um caso, aparece o rótulo Kanisumnili, "na [fala] do povo de Kanes". Embora o império hitita fosse composto de povos de muitos contextos étnicos e lingüísticos diversos, a língua hitita foi usada na maior parte dos seus textos seculares escritos. Apesar de vários argumentos a respeito da propriedade do termo, "hitita" permanece por convenção o termo mais corrente, embora alguns autores insistam em usar nesita". Até o final do século XIX, os hititas só eram conhecidos por citações no Antigo Testamento (filhos de Hete, Heteus) e somente as escavações arqueológicas trouxeram à luz a grandiosidade de uma das primeiras grandes potências da História antiga. Sua capital era Hatusa (Hattusha), atual Borgazköy, na Turquia.


Abaixo, sítio arqueológico de Hatusa


Abaixo, o Portal dos Leões em Hatusa


Reconstrução computadorizada da Cidadela Real de Hattusa


Falavam uma língua própria indo-européia a qual transcreviam em hieróglifos próprios e em empréstimos da escrita cuneiforme assíria. Sofreram influência da cultura da Mesopotâmia, como a escrita cuneiforme e deuses dos panteões dos povos vizinhos, e adaptaram essas influências a sua língua e civilização.

Escrita hitita em hieróglifos


Texto hitita cuneiforme

Inicialmente a terra deles era habitada pelos hatitas, "o povo de Hati", aos quais conquistaram. Os Hititas aglutinaram numerosas cidades-estado de culturas muito distintas entre si e chegaram a criar um influente império devido a sua superioridade militar e a sua grande habilidade diplomática, constituindo-se desta forma como a terceira potência no Oriente Médio (junto a Babilônia e ao Egito). Aperfeiçoaram o carro de combate ligeiro, ao qual empregaram com grande êxito; a eles se atribui uma das primeiras utilizações do ferro como objeto de luxo. A economia hitita estava baseada na agricultura e suas técnicas metalúrgicas eram avançadas para a época.

Carro de combate e guerreiros hititas


Representação dos guerreiros hititas num carro bélico



Os reis hititas assentavam seu poder na competência militar. Seu título comum era Tabarna (Grande Rei) e o rei atuava como sumo sacerdote, chefe militar e juiz principal da terra. O reino era administrado por governantes provinciais, geralmente membros da família real, que eram substitutos do rei. Em sua legislação as penas de morte eram reduzidas e quase sempre substituídas por indenizações. Construíram uma das primeiras bibliotecas e eram tolerantes com os povos conquistados em comparação com os cruéis assírios. Os êxitos mais relevantes da civilização hitita se encontram no campo da legislação e da administração da justiça.

Tableta contendo legislação hitita acerca do assassinato
de um mercador dentre outras disposições

A arte e a arquitetura hititas foram influenciadas por praticamente todas as culturas contemporâneas do antigo Oriente Médio e, principalmente, pela cultura babilônica. Apesar disso, os hititas alcançaram certa independência de estilo que assinalaram sua arte distinta. Os materiais de seus edifícios normalmente eram a pedra e o tijolo, embora também usassem colunas de madeira. Os numerosos palácios, templos e fortificações foram com freqüência decorados com relevos estilizados e intrincados, talhados nos muros, portas e entradas. Abaixo, exemplos da cultura hitita:

Reconstrução gráfica de um silo hitita de grãos em Hatusa Rhyton (espécie de cálice) em forma de touro
Deus Sol esculpido numa câmara das muralhas de Hatusa

Discos rituais solares


A religião hitita chegou a ser conhecida como “a religião dos mil de deuses”. Tinha numerosos deuses próprios e outros importados de outras culturas. Os estudiosos encontraram influência suméria, babilônica, assíria, hurrita, luvita e outras estrangeiras no panteão hitita. São de especial interesse alguns poemas épicos que contêm mitos, originalmente hurritas, com motivos babilônicos, entre os quais Teshub, o deus do trovão e da chuva, cujo emblema era um machado e Arinna, a deusa do sol. Outros deuses importantes foram Aserdus (deusa da fertilidade), seu marido Elkunirsa (criador do universo) e Saushka (equivalente hitita a deusa mesopotâmica Ishtar).
O rei era tratado como um escolhido dos deuses e se encarregava dos mais importantes rituais religiosos. Se algo não ia bem no país, podia-se culpá-lo se tivesse cometido o menor erro durante um destes rituais e mesmo os próprios reis participavam desta crença; por exemplo, Mursil II atribuiu uma grande praga que havia devastado o reino hitita aos assassinatos que levaram seu pai ao trono e realizou inúmeros atos para pedir perdão aos deuses.

Representação de doze deuses hititas do submundo

Representação de dois deuses hititas


Templo 1 de Hattusa:reconstrução gráfica e sítio arqueológico


Representação de um rei hitita e da deusa Hattusha



A história do Império Hitita é dividida em quatro períodos: Antigo Reino (c. 1680-1500 a.C.), Reino Intermediário (c. 1500-1400 a.C.), Novo Reino (c. 1400-1177 a.C.) e Período das Cidades-Estado (c. 1193-710 a.C.) quando os hititas já estão enfraquecidos. Em sua extensão máxima, o Império Hitita compreendia a Anatólia, o norte e o oeste da Mesopotâmia até a Palestina. Sua queda data dos séculos XIII-XII a.C. quando das invasões dos Povos do Mar e dos kaskas que levaram ao seu desaparecimento da História.

O Império Hitita em sua máxima extensão



REFERÊNCIAS:
http://es.wikipedia.org/wiki/Historia_de_los_hititas
http://es.wikipedia.org/wiki/Hititas
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_hitita
http://www.shoujohouse.clubedohost.com/Shoujo/hititas.html
http://www.hittites.info/Images/rekonstruktion_koenigsburg_hattusa.jpg http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-hitita/civilizacao-hitita.php
http://www.hattuscha.de/English



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SHUPPILULIUMA II (1205 – 1177? a.C.)

Shuppiluliuma II era filho de Tudhaliya IV e irmão de Arnuwanda III. Foi o último rei do Império Hitita. Ao lado, relevo que retrata Shuppiluliuma II como um guerreiro. Portava os títulos de Labarna, Meu Sol, Grande Rei, Rei de Hati e Herói. Seu nome (tal como aparece em uma carta), na realidade era diferente de Shuppiluliuma I, pois ele se refere a si mesmo como Shuppiluliama, mas convencionalmente é citado como Shuppiluliuma II.
Alashiya (Chipre) sublevou-se e o Rei fez uma campanha contra essa ilha; travaram-se três batalhas navais e algumas mais em terra firme. O Rei ganhou a guerra; ergueu um monumento e instalou um governante vassalo na ilha.
Uma epidemia de fome foi superada graças ao envio de grãos do Egito.
Shuppiluliuma II fez campanha contra Tarhuntassa segundo uma inscrição. Mas não se sabe a causa da campanha, existindo três teorias: uma revolta do rei de Tarhuntassa (Kurunta ou um filho de Kurunta), os primeiros ataques dos povos do mar ou rebeldes internos.
Acredita-se que reconquistou Isuwa dos assírios e que o reino se tornou novamente vassalo, mas em todo caso, o domínio hitita foi breve.
Os ataques dos chamados Povos do Mar foram iniciados após o 1200 a.C. no oeste das terras hititas. O Grande Rei pediu a ajuda da cidade de Ugarit e de outros vassalos. Como se registra em uma carta sua a Ammurapi , rei de Ugarit: "O inimigo avança contra nós, e são muito numerosos ... tudo o que possa dispor, envie-os".
Ugarit (ruínas ao lado) enviou tropas e navios, deixando o seu próprio território indefeso; pouco depois Ugarit foi atacada por piratas. O rei de Ugarit escreve ao rei de Alashiya: "Os barcos do inimigo estão aqui, queimam as minhas cidades e passam-se coisas malignas no país; como vós sabeis todas as minhas tropas e carros estão no país dos hititas e os barcos estão em Lukka assim que o país está abandonado à sua sorte, os sete barcos inimigos que vieram de Alashiya fizeram muito mal, mas se vós vedes mais um barco do inimigo, faze-mo saber ".
Alguns súditos do rei que pararam em Alashiya com seus barcos renderam-se ou tiveram que se render ao inimigo. Pelo que se sabe, os barcos hititas e de seus aliados foram derrotados. O Grande Rei estabeleceu a linha de defesa com as tropas terrestres em Lawasanda. O general de Ugarit, Sipti Baqal informava ao seu rei do desastre: "O vosso servo foi ao posto fortificado de Lawasanda com o Grande Rei, e agora o Rei retirou-se e fugiu; fizeram-se sacrifícios".
Cronologicamente em uma última carta, o rei de Ugarit escreve a sua mãe que lhe enviasse uma mensagem tanto se os hititas se preparam para a batalha como se não o fazem.
As cartas de Ugarit foram conservadas em um armazém, porque as pessoas da cidade fugiram e as casas foram saqueadas e algumas queimadas, mas os armazéns de cartas não eram de interesse para os saqueadores. A cidade nunca mais foi habitada nem pelos antigos habitantes nem pelos invasores, mas as cartas foram conservadas. Abaixo inscrições em hieróglifos de Shuppiluliuma II.


O Império Hitita, provavelmente enfraquecido por lutas internas e pela dependência excessiva dos reforços previstos pelos estados vassalos, foi incapaz de resistir aos ataques dos povos do mar e principalmente dos seus antigos inimigos os kaskas e desapareceu da História, embora os vice-reinos de Carquemis e de Tarhuntassa sobrevivessem por algum tempo.
A data da queda do Império Hitita não é possível de se estabelecer. Não foi antes de 1185 a.C. Umas pranchas de Emar datariam a destruição desta cidade em 1178 a.C. e Hatusa foi destruída ao mesmo tempo, mas Hatusa (e sua região) com certeza foi destruída pelos kaskas e não pelos Povos do Mar. Hatusa ficou despovoada até muito depois foi repovoada pelos frígios. Foram encontrados indícios de povos do mar como povos estabelecidos em Tarso e Mersin.
O título de Grande Rei (Tabarna) foi mantido por Kunzi-Teshub de Carquemis no qual foi preservada a linhagem real de Hatusa já que Kunzi-Teshup era tataraneto de Shuppiluliuma I. Abaixo, inscrições em hieróglifos de Shuppiluliuma II.


REFERÊNCIAS:
http://www.hittites.info/history.aspx?text=history/Late+Late+Empire.htm#Suppiluliuma2
http://gl.wikipedia.org/wiki/Suppiluliumas_II

ARNUWANDA III (1209 – 1205 a.C.)

Arnuwanda III foi filho de Tudhaliya IV. Ostentava o título de Labarna, Grande Rei, e Meu Sol. Supõe-se um reinado curto pela falta de vestígios, mas nos últimos anos apareceram grande número de selos que podem indicar que reinou mais tempo do que o indicado.
Do seu reinado sabe-se que Ibiranu de Ugarit sucedeceu a Ammistamru II. Provavelmente foi Arnuwanda quem escreveu ao novo rei e lembrando-lhe que era sua obrigação de vassalo apresentar-se ao rei ou ao menos enviar um embaixador.
Sucedeu-lhe o seu irmão Shuppiluliuma II.
Na imagem acima, relevo retratando músicos hititas.

REFERÊNCIAS:
http://www.hittites.info/history.aspx?text=history/Late+Late+Empire.htm#Arnuwanda3
http://gl.wikipedia.org/wiki/Arnuwandas_III

TUDHALIYA IV (1249 – 1209 a.C.)

Tudhaliya IV foi filho de Hattusili III e de sua rainha principal Pudu-Hepa. Portava os títulos de Labarna, Grande Rei, Rei de Hati, Herói, Meu Sol e Rei do Mundo (Sar Kissati). Seu nome hurrita era Heshmi-Sharruma. A sua mulher era uma princesa da Babilônia talvez Dumu-Sal-Gal. Seu irmão Huzziya foi chefe da guarda real. Ao lado selo real de Tudhaliya IV.
Durante o reinado de seu pai foi sacerdote de Saushka em Samuha e de fato foi rei de Hakpis.
Embora não usasse o título de corregente exerceu essa função no final do governo de Hattusili III e sucedeu ao pai sem dificuldade. Renovou a concessão do reino de Tarhuntassa a Kurunta por meio de um tratado que se conservou (a chamada "Tábua de Bronze", imagem ao lado). Depois da morte do rei Masturi de Seha, o país se tornou independente sob Tarhuna-Radu, um homem de origem desconhecida, que se aliou com o rei de Ahhiyawa. Tudhaliya fez pessoalmente a campanha contra Seha. O rei de Ahhiyawa interveio, mas sofreu uma completa derrota. Tarhuna-Radu fugiu a uma pequena ilha chamada Monte da Águia, local que também foi ocupado por Tudhaliya que o fez prisioneiro junto com suas mulheres e outros familiares e levou-o a Arinna (a futura Xantos, capital da Lícia). Pôs no trono do trono de Seha um membro da dinastia de Muwa-Walwis e a situação voltou ao normal.
Tukultininurta I da Assíria atacou território hurrita pouco depois de 1240 a.C. e ocupou Isuwa que era vassalo hitita. Tudhaliya não hesitou em declarar guerra. O rei assírio reuniu o seu exército em Taite. O exército hitita avançou em direção a Nihriya onde foi encontrado o exército assírio. O rei assírio conduziu suas tropas para Sura, onde se travrou a batalha que foi uma vitória da Assíria e uma clara derrota hitita. Tudhaliya retirou-se a Alatarma, um pouco a leste do Eufrates, de localização desconhecida, provavelmente em Isuwa. O nome do rei de Isuwa não aparece nas inscrições.
Abaixo, representação de Tudhaliya IV.
Ini Teshub, rei de Carquemis, de ascendência hitita, ocupava-se da Síria hitita resolvendo conflitos. Esse rei deu ordens para a cidade de Ugarit (conflitos fronteiriços: Siyanni foi separada de Ugarit) e ao reino de Amurru (proibindo-lhe comerciar com a Assíria). Quando dois irmãos se rebelaram contra o Rei Amistamru II de Ugarit, O Rei Ini-Tesub protegeu-o e os dois rebeldes foram enviados desterrados para Alashiya (Chipre); também autorizou a extradição da mulher adúltera de Ammistamru II de Ugarit, mas neste caso com a permissão de Tudhaliya IV que era seu tio (a extradição implicou a morte da princesa).
Tudhaliya fundou a cidade alta de Hatusa, dobrando o tamanho da cidade (1 km2) e encheu-a de templos (uns 30) dedicados a deuses hititas e hurritas. Acredita-se que queria controlar os cidadãos levando a todos os seus à capital, o que o fez ser muito impopular.
A cidade alta apareceu destruída em certo momento. Supõe-se que então aconteceu a usurpação de Kurunta e que depois Tudhaliya recuperou o poder (ou talvez foi seu filho Arnuwanda III foi quem o recuperou, já que o reinado de Kurunta pode ser mais longo do que se pensou até há pouco). A cidade alta reconstruiu, mas não os templos, e as terras deixaram de ser usadas com finalidade religiosa. Ao lado, representação de Tudhaliya abraçado pelo deus Sharruma.
Alashiya, que não se sabe quando saiu ao controle hitita (durante os últimos anos aparecem cartas de um rei de Alashiya, mas também parece ser que Hattusili III enviara Mursili III exilado a Alashiya, se bem que isso não é claro) foi conquistada por Tudhaliya IV.
Lukka, Arzawa, Masha, as terras kaskas e a Terra Alta Hitita são indicadas como locais de caçada do Rei, o que indica que pertenciam ao Império e estavam pacificadas. Tudhaliya também caçava regularmente em "terras hurritas", mas provavelmente se refere aos territórios vassalos na antiga fronteira com Mitani.
Sucedeu-lhe o seu filho Arnuwanda III.


REFERÊNCIAS:

http://www.hittites.info/history.aspx?text=history/Late+Late+Empire.htm#Tudhaliya4
http://www.unc.edu/~melchert/
http://www.uned.es/geo-1-historia-antigua-universal/HISTORIA%20GENERAL%20RELIGIONES/HITITAS/Yazilikaya_astrologica.htm

terça-feira, 22 de setembro de 2009

HATTUSILI III (1274 – 1249 a.C.) – Parte 3


Ao 21 º ano de reinado do Faraó Ramsés II (c. de 1259 a.C.) esse recebeu em sua capital Pi-Ramsés a três mensageiros hititas: Tilia-Teshub, Ramose e Yashupili (o último enviado do rei de Carquemis) para a assinatura de um tratado de amizade eterna entre Hati e Egito resultado do subseqüente impasse após a batalha de Kadesh (cerca de 1312 – 1275 a.C.) entre o Egito e Hati. O tratado entre as duas potências foi firmado em Kadesh. Cada soberano recebeu um original do tratado em sua língua e na língua do adversário e em cujos respectivos textos cada um considerava-se vencedor. O Rei hitita requereu do Faraó que este deveria esposar uma princesa hitita; Ramsés aceitou e acrescentou mais uma esposa à sua lista de rainhas, mas o nome da princesa não é conhecido. Além disso tratado prevê amizade, promessa de não agressão, uma aliança defensiva, a ajuda aos filhos de Hattusili na sucessão e extradição de fugitivos em que se estabelecia a forma como os entregues teriam de ser tratados e os fugitivos anteriores ao tratado não eram excluídos. Esse tratado de paz é reconhecido como um dos mais antigos tratados internacionais de paz existentes. Tal é sua importância que o saguão do edifício-sede das Nações Unidas em Nova York é adornado com uma cópia do texto do mencionado documento. Abaixo, restos do tratado de Kadesh no Museu de Istambul, Turquia.



No 33 º ano de reinado do Faraó, a filha de Hattusili foi enviada à terra de Aya para o casamento. As promessas de seu dote eram monumentais, mas depois os hititas não puderam cumpri-las. A rainha Pudu-Hepa escreveu ao Faraó dizendo que os armazéns estavam vazios e que Urhi-Teshup (o rei hitita deposto Mursili III) tinha dado o que restava à grande deusa podendo confirmar isso junto a Urhi-Teshup que estava no Egito. No ano seguinte a princesa hitita entrou em território egípcio e no outro ano se casou com Ramsés II que proclamou a sua beleza e disse que a amava mais do que a qualquer outra. O casal residiu em Pi-Ramsés, mas com o tempo foi enviada com o harém a Faium. Ramsés convidou Hattusili a realizar uma viagem oficial ao Egito, mas rei hitita não se mostrou muito entusiasmado; o Faraó sugeriu encontrar-se em Canaã e escoltá-lo até Pi-Ramsés. Nesse condição a viagem foi feita. Médicos egípcios assistiram alguns destacados hititas, entre eles Kurunta. Egito também enviou grãos em um ano de escassez a Hati. Hattusili ainda enviou outra filha a casar com Ramsés II. Abaixo representação egípcia de homens estrangeiros. O último à direita é hitita.



Quando da morte de Kadasma-Turgu de Babilônia as relações de Hati com este país deterioraram-se. Hattusili exigiu ao novo rei Kadasma-Enlil II (que era um menor e estava controlado por seu regente Itti-Marduk-Balatu) a proteção dos descendentes de Turgu ao qual qualifica de "seu irmão" e ameaça conquistar Babilônia em caso contrário. Os babilônios sentiram-se ofendidos e responderam que não escrevia "como um irmão" mas como se fosse a Babilônia um reino vassalo. Com a Assíria as relações talvez se deterioraram após a morte de Adadnirari e na revolta de Mitani que talvez recebeu ajuda hitita. Quando Kadasma-Enlil de Babilônia chegou à maioridade parece que as relações com Hati voltaram a melhorar e em uma carta para o rei hitita Enlil explica que Itti-Marduk-Balatu era um homem maligno a quem os deuses haviam deixado viver muito tempo. Segundo os babilônios as mensagens a Hati interromperam-se pela atividade destrutiva dos nômades akhlamu e também dos assírios. Normalizadas as relações, uma filha de Hattusili foi enviada a Babilônia para casar com o Rei e ele mesmo se casou com uma princesa da Babilônia.
Ao fim de seu reinado seu filho Thudaliya assistiu-o como corregente no trono de Hati assumindo o trono quando da morte do Grande Rei. Abaixo, o Império Hitita sob Hattusili III.




REFERÊNCIAS:
http://www.hittites.info/history.aspx?text=history/Late+Late+Empire.htm#Hattusili3
http://gl.wikipedia.org/wiki/Hattusilis_III
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kadesh

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

HATTUSILI III (1274 – 1249 a.C.) – Parte 2


Ao lado, relevo que retrata Hattusili III oferecendo uma libação ao deus da tempestade. Hattusili suportou por sete anos a animosidade de seu sobrinho por respeito ao seu irmão (Muwatalli), mas quando Mursili III tentou incorporar as cidades de Hakpis e Nerik ao reino hitita e tirando-lhes do domínio de Hattusili, o que de fato equivalia a eliminar o seu reino, Hattusili reagiu e se sublevou. Consagrando-se aos seus deuses (Saushka e ao deus das tempestades de Nerik) começou a guerra civil.
Sippa-Ziti, filho de Arma-Tarhunta (filho de Zida, o irmão de Shuppiluliuma I) o antigo rival de Hattusili, foi nomeado comandante do exército do Grande Rei na Terra Alta Hitita. A guerra civil também dividiu os vassalos hititas: Masturi, rei de Seha, foi aliado de Hattusili, que também teve a ajuda de Ulmi-Teshup (Kurunta), meio-irmão de Mursili III e que tinha sido criado por Hattusili. Mira, Kuwaliya e Ahhiyawa seriam aliados de Mursili III. Boa parte dos kaskas apoiaram a Hattusili. Mursili III enviou um homem chamado Rime-Teshup para o oeste encontrar o máximo de ajuda, mas em geral a parte ocidental forneceu pouca ajuda a Mursili; Millawanda provavelmente quedou-se inativa e Ahhiyawa, ao não receber a ajuda de suas cidades, não pôde dar nenhuma ajuda ao rei hitita. Sippa-Ziti provavelmente ficou assediado em Hallawa, e teve que pedir a Mursili que fosse a resgatá-lo. O Rei enviou um homem chamado Anani-Piya. Ocorreram combates em Kusuriya e uma batalha de carros na qual participou o governador da região do Rio Vermelho que provavelmente mudou de lado.
Os fatos não se conhecem com mais clareza, porém do relato de Hattusili vê-se que Mursili foi abandonado por alguns de seus aliados e esteve em posição defensiva. Na parte final da guerra, Mursili estava em Marasantiya e teve que fugir de lá e foi para Samuha, onde Hattusili o perseguiu. Uns traidores ofereceram matar Mursili, mas Hattusili rejeitou a oferta e avançou para Samuha, mas com certeza Mursili já havia sido feito prisioneiro pelos seus próprios homens quanto Hattusili chegou e foi entregue ao tio, que então foi reconhecido como o Grande Rei dos hititas. Acima, imagem de um príncipe hitita. Hattusili III ao iniciar o seu reinado reconstruiu o palácio de Hatusa (imagem abaixo) que foi danificado durante a guerra.
Wilusa fora aliada de Ahhiyawa e de Mursili III; agora de fato estava independente dos hititas. Em Lukka a situação é pouco conhecida, mas aparentemente houve desordens sob a direção de um homem chamado Tawagalawa, irmão do rei de Ahhiyawa. Tawagalawa foi identificado com Eteócles, personagem da Ilíada de Homero. Tawagalawa começou em atacar território hitita no que Hattusili III perdeu o controle do sudoeste e o povo sublevado de Lukka chegou ao Rio Hulaya, distrito fronteiriço com capital em Hawaliya e os distritos vizinhos de Natas, Parha (futura Perge na Panfília), Harhasuwanta e outros, de modo que toda a costa até Kizzuwatna ficou fora do controle do rei hitita. Os distritos fronteiriços de Wasuwatta e Harputtawana caíram nas mãos de rebeldes ajudados por Lukka. Piyama-Radu de Lazba (Lesbos) invadiu o território hitita em Millawanda e conquistou a terra do rio Hulaya chegando até a Terra Baixa Hitita em Nahita. Hattusili marchou contra os coligados e expulsou-os da Terra Baixa e da região do rio Hulaya mas sem chegar à costa ocidental nem provavelmente a Panfília. Então, nomeou o seu sobrinho Ulmi-Teshup (Kurunta), filho de Muwatalli II, rei de um Grande Reino do sudoeste, com capital em Tarhuntassa, que governou sob o nome de Kurunta.
O reino limitava-se ao norte e a oeste com Pitassa, Ussa e terras hititas, e para o sul e sudoeste eram terras a dominar "em direção a cidade de Saranduwa na terra do rio Hulaya". Nos anos seguintes Kurunta dominou até à costa no sul e no oeste até o rio Kastaraya (Kestros) ea cidade de Parha (Perge) na planície Panfília.
Com a Assíria ocorreram algumas dificuldades diplomáticas pela demora nos tributos, e até mesmo o mensageiro assírio foi detido, mas finalmente restabeleceram-se as relações. Hattusili queixou-se de ataques em Carquemis (em Emar na terra de Ashtata) feitos por pessoas de Turira, que o Grande Rei considerava sob domínio assírio (coisa que o rei da Assíria não havia assegurado). Mursili III planejou fugir a Babilônia, mas Hattusili percebeu e desterrou-o provavelmente para Alashiya (Chipre), de onde fugiu ao Egito. As relações entre Hattusili e Kadasma-Turgu da Babilônia seriam boas. Com Egito seriam inicialmente boas, mas dificultaram-se quanto Ramsés II se negou a extraditar a Mursili III. Kadasma-Turgu prometeu-lhe cooperação ativa em uma eventual guerra contra o Egito. Mas, por fim, a guerra nunca eclodiu.
Ao final do reinado de Hattusili III, Wilusa vai voltar de novo como reino vassalo do Rei hitita. Kurunta de Tarhuntassa encontrou com o rei de Ahhiwaya em Millawanda e acordou a retirada dos Aqueus de Lukka, que voltou ao controle hitita e os chefes locais apressaram-se em proclamar a sua lealdade ao rei de Tarhuntassa e ao Grande Rei hitita. Entre os que se submeteram estava Piyama-Radu, que estava na cidade de Sallapa quando escreveu, submisso, a Hattusili, que tinha ido a Lukka reforçar a sua autoridade sobre a região. Hattusili enviou o seu herdeiro a Millawanda onde se encontrou com Piyama-Radu e ambos subiram a um carro com Piyama-Radu em sinal de submissão. Mas Piyama-Radu não se fiava aos hititas e se recusou a comparecer na presença de Hattusili em Hatusa se antes não fosse reconhecido rei, o que supôs uma humilhação para o príncipe herdeiro; Piyama-Radu manteve sua lealdade, mas à distância. Hattusili foi a oeste, e quando chegou a Wiyanawanda, escreveu-lhe que lhe enviasse um delegado para a cidade de Yalanda (sob controle de Piyama) para fazer o acordo, mas Piyama-Radu enviou seu irmão Lahurzi, que fez uma emboscada aos hititas em três lugares próximos a Yalanda, mas os hititas conseguiram chegar à cidade; Lahurzi retirou-se e a cidade foi destruída. De lá Hattusili foi a Apawiya e escreveu a Piyama-Radu em Millawanda incubindo-o comparecer a sua presença. Também escreveu ao Rei de Ahhiyawa protestando pelas atividades de Piyama em Millawanda, súdito de Ahhiwaya. O rei de Ahhiwaya deu permissão ao rei hitita para fazer comparecer a Piyama junto ao Rei Atpa de Millawanda e Hattusili dirigiu a Millawanda. A esta cidade entrou como Grande Rei e lá compareceu Tawagalawa para oferecer a sua lealdade ao rei.
Enquanto o Rei Atpa ouvia as queixas de Hattusili contra Piyama-Radu, este pegou um barco e fugiu. Hattusili se dirigiu então ao rei de Ahhiwaya e fez uma relação das ofensas de Piyama. Atpa e o rei de Ahhiyawa que provavelmente seguiam apoiando Piyama, vão tentar desculpá-lo; Hattusili exigiu o retorno de sete mil prisioneiros (civis) feitos por Piyama em terras de Hati, tentando um acordo que evitasse a guerra, acordo que finalmente se estabeleceu. Acima tablete hitita com o tratado de Tawagalawa. Mas Piyama já tinha ido ao norte e atuava na costa de Wilusa, onde havia estabelecimentos de Ahhiyawa, tentando criar um reino ali em Masha e Karkissa. Hattusili, por meio do rei da Ahhiwaya ofereceu novamente a Piyama-Radu o submeter-se em troca do perdão. Não se sabe como foram os acontecimentos, mas finalmente Ahhiwaya capturou a Piyama-Radu e entregou aos hititas.


REFERÊNCIAS:
http://www.hittites.info/history.aspx?text=history/Late+Late+Empire.htm#Hattusili3
http://gl.wikipedia.org/wiki/Hattusilis_III
http://sites.google.com/site/homeros160/troy

sábado, 12 de setembro de 2009

HATTUSILI III (1274 – 1249 a.C.) - Parte 1

Ao lado selo real de Hattusili III, o qual foi filho de Mursili II, irmão de Muwatalli II e tio de Mursili III. Portou os títulos de Labarna, Grande Rei, Rei de Hati e Meu Sol. Sua esposa principal foi Pudu-Hepa, filha de Pentib-Sarri grande sacerdote de Lawazantiya, mas também esteve relacionado com uma princesa da Babilônia e com uma amorrita. Relacionou os membros de sua família com várias famílias reais dos países vizinhos fazendo assim várias alianças. Sua descendência foi: Nerikkaili, casado com uma filha do ex-rei de Amurru, Ben-Teshina e de sua primeira mulher. Nerikkaili foi tuhukanti (príncipe herdeiro), mas foi deposto. Tasmi-Sarruma (futuro Tudhaliya IV). Huzziya que foi chefe da guarda real em tempo de Tudhaliya IV. Seus outros filhos foram Hannutti, Hesni, Tatamaru, Upara-Muwa, Uhha-Ziti e Tarhunta-Piya. Sua filha Kilus-Hepa, foi casada com Ário-Sarruma rei de Isuwa.
Gasulawiya (nascida de uma esposa anterior a Pudu-Hepa) foi casada com o ex-rei de Amurru, Ben-Teshina (restaurado por Hattusili) e mãe provavelmente de Sausgamuwa, príncipe herdeiro de Amurru de onde era rei. Foi também com certeza a mãe de uma princesa casada com Ammistamru de Ugarit, que por causa de um adultério, teve de fugir para Amurru, mas foi extraditada por Sausgamuwa (então já rei) com o consentimento de Tudhaliya IV, e provavelmente foi executada. Hattusili teve também uma filha de nome desconhecido casada com um rei da Babilônia e outra filha Meth-Hor-Nefret-Ra, filha nascida de Pudu-Hepa, casada com Ramsés II em torno do seu 34 º ano de reinado juntamente com outra filha de nome desconhecido casada também com Ramsés II.
Durante seu reinado se conhecem alguns reis vassalos: Ini-Teshup em Carquemis, Ário-Sarruma em Isuwa, Ulmi-Teshup (Kurunta) em Tarhuntassa, Ben-Teshina em Amurru, Masturi em Seha, Kupanta-Kurunta em Mira e Kuwaliya. Ao lado, esfinge hitita em Carquemis: símbolo da presença e soberania de Hati. Hattusili quando nasceu estava doente e prometeu se fosse curado ser consagrado a uma divindade; quando de sua recuperação tornou-se sacerdote da deusa Sauska em Samuha durante todo o reinado de seu pai Mursili II. Não obstante o sacerdócio, seu irmão Muwatalli II destinou-o para outras missões. Certa expedição contra os kaskas foi dirigida por Hattusili, ao que seu irmão o nomeou governador na cidade de Pitteyarika, não longe de Samuha, embora não lhe tenha dado as forças militares que Hattusili reivindicava. Ainda assim Hattusili atacou os kaskas e derrotou-os grandemente nas proximidades de Hahha, onde deixou uma estela comemorativa, devolvendo aos hititas suas terras anteriores.
Os chefes kaskas prisioneiros seriam enviados para o seu irmão Muwatalli. Esta vitória fez com que Muwatalli o nomeasse chefe da Guarda Real (o terceiro cargo do Império após o rei e o herdeiro) e também o fez sumo sacerdote do deus das tempestades de Nerik (que era cultuado em Hakpis porque Nerik permanecia despovoada na zona kaska) e nomeou governador da Terra Alta Hitita com Samuha, Pitteyarika, Hakpis, Istahara, Tarahna, Hattina e Hanhana como principais cidades, todas à beira dos territórios kaskas. Acima, ilustração de membro da Guarda Real hitita.
O antigo governador da Terra Alta, Arma-Tarhunta, filho de Zida (irmão de Shuppiluliuma I), ficou relegado a uma posição secundária, da qual não gostou e começou a espalhar rumores sobre Hattusili acusando-o de se dedicar à bruxaria. Tais rumores chegaram a Muwatalli, que começou a suspeitar de seu irmão, o qual respondeu acusando a Arma-Tarhunta da mesma coisa. Então o Rei os fez passar num teste religioso (a Divina Roda) o qual Hattusili superou. Arma-Tarhunta foi condenado por bruxaria junto com sua mulher e filhos e as suas terras confiscadas e entregues a Hattusili. Mas, o Rei acabou declarando inocente a um dos filhos, Sippa-Ziti, por piedade, além do que Arma-Tarhunta era um membro da família real e já era velho; finalmente o confisco foi apenas de metade das terras e o acusado, mulher e filhos foram desterrados para Alashiya. Mas o episódio fortaleceu Hattusili que desde então recebeu as forças bélicas necessárias e venceu repetidamente aos kaskas.
Neste momento, nas terras kaskas a cidade de Pishuru tinha a hegemonia da região. Ishupitta e Daistipassa, na Terra Alta Hitita, eram aliadas de Pishuru e apoderaram-se das terras de Landa, Marista e algumas cidades fortificadas dos hititas, os quais não puderam mantê-las e os kaskas continuaram avançando para o sul cruzando o rio Marasanda (atual Kizil Irmak, imagem abaixo) e chegando até a terra de Kanesh.
As cidades de Kurustama, Gazzuira e outra cujo nome se perdeu se uniram aos kaskas e atacaram as cidades hititas das proximidades. Durmitta também ficou sob controle kaska e atacou a região de Tuhuppiya. Os kaskas não encontraram nenhum obstáculo na terra de Ippasanama e puderam acompanhar até atacar a terra de Suwatara. Apenas duas cidades, uma delas Istahara e outra não identificada escaparam aos ataques kaskas.
Nestas circunstâncias Muwatalli decidiu criar um reino vassalo ao norte para o seu irmão Hattusili, com o encargo de conter os kaskas. A corte real fez-se cargo de fortificar Anziliya e Tapikka, que pertenciam ao novo reino, mas o Grande Rei se recusou a fazer campanha em Durmitta e Kurustama porque já era responsabilidade de Hattusili e retornou a Tarhuntassa deixando o seu irmão sozinho com seus próprios recursos. As terras do novo reino estavam quase todas nas mãos dos kaskas e o mesmo Hattusili denominou-as como "terras vazias" (o reino era formado pelas cidades de Ishupitta, Marista, Hisashapa, Katapa, Hanhana, Darahna, Hattena, Durmitta, Pala, Tummanna, Gasiya, Sappa, o Rio Hulanna, Hakpis e Istahara, as duas últimas em "servidão", provavelmente administradas, mas não parte do reino). A capital foi Hakpis. A autonomia do rei era ampla, mas com território de fronteira em parte por conquistar. O novo rei com uma eficaz combinação de força militar e de diplomacia, conseguiu, em dez anos restabelecer a ordem e repovoar muitas regiões.
O ponto chave da campanha foi a vitória militar sobre a cidade de Pishuru, que tinha conquistado de Taggasta até Talmaliya conquistando ainda a Karahna e Marista e reunindo um exército com 800 carros de combate e numerosa infantaria.
Mas Pishuru foi derrotada decisivamente em Wistawanda quando o exército kaska se desbandou diante da morte de seu chefe. Muwatalli apenas enviou 120 carros e não enviou infantaria. A reconquista das cidades hititas foi sem complicações. Hattusili erigiu uma estela em Wistawanda. Tal era o poder de Hattusili que mesmo depois dessas campanhas foi possível a ele enviar forças ao seu irmão para a batalha contra o Egito em Kadesh na Síria. Ao lado, guerreiro hitita. Muwatalli combateu logo após a batalha de Kadesh a pequenos reis locais. Amurru teve que submeter-se novamente e o rei Ben-Teshina foi deposto e posto em seu lugar um tal Sapili. O Rei ainda conquistou Apa e depois retornou a Hati. Seu irmão Hattusili ficou vigiando os egípcios em Apa, onde permaneceu talvez dois anos, talvez até quando voltou Ramsés II com um exército dividido em duas partes: uma dirigida por seu filho Amon Hirhepesef que dominou as tribos shosu do Negev e do Mar Morto e os edomitas e dirigiu-se a Moabe. A outra parte, dirigida pelo Faraó mesmo, atacou Jerusalém e Jericó e em seguida entrou também em Moabe e juntou-se ao seu filho e juntos marcharam contra Hesbon e finalmente reconquistaram Apa, momento em que Hattusili teve de voltar, se não o fez antes, para as terras hititas.
Hattusili ao voltar a seu país passou por Lawazantiya onde fez oferendas à deusa Saushka (deidade tutelar do reino de Hattusili; corresponde a mesopotâmica Ishtar e a grega Afrodite; imagem ao lado) e casou-se com Pudu-Hepa, irmã de Pentib-Sarri, grande sacerdote de Lawazantiya, casamento que talvez não tenha tido a aprovação do Grande Rei. Depois voltou para o norte, ao seu reino de Hakpis onde fortificou Hawarkina e Dilmun, mas estourou uma revolta contra ele. Hattusili, carente de ajuda do Grande Rei, a pediu a seus aliados kaskas e esmagou a rebelião. Durmitta, Ziplanda, Hattena, Hakpis, Istahara e outras cidades seriam restauradas e repovoadas. Parece que Hattusili administrou até Hatusa.Nessa época a capital hitita era Tarhuntasa.
Hattusili pediu ao seu irmão a entrega de Ben-Teshina, ex-rei dos Amorreus, coisa que seu irmão lhe concedeu e ao rei deposto Hattusili garantiu uma residência pessoal na Hakpis. Esta relação foi favorável para a recuperação da dinastia de Ben-Teshina que Hattusili mais tarde haveria de restaurar.
Abaixo, relevo que retrata Hattusili e sua consorte Padu-Hepa em cerimônia religiosa.
Quando da morte de Muwatalli II, Urhi-Teshup, filho de segundo escalão, sem esperanças de sucessão, viu-se empurrado por circunstâncias especiais a uma posição em que parecia o herdeiro aparente. Finalmente foi o sucessor com o nome de Mursili III graças à ajuda de Hattusili que com ele firmou um acordo pelo qual o reino de Hakpis permanecia nas mãos de Hattusili.
Durante seu reinado Hattusili reconquistou Nerik depois de tanto tempo nas mãos dos kaskas. O território conquistado incluía as cidades de Nera e Hastira. Desde Nerik conseguiu dominar os territórios do monte Haharwa e a cidade de Marasantiya. Logo aconteceu um confronto entre Hattusili e Mursili III em que aquele acusou a seu sobrinho de se apoderar de territórios que ele repovoara (Pa e Tummanna) e de Samuha, e de levar habitantes do reino de Hakpis ao território do Grande Rei hitita.


REFERÊNCIAS:
http://www.hittites.info/history.aspx?text=history/Late+Late+Empire.htm#Hattusili3
http://gl.wikipedia.org/wiki/Hattusilis_III